terça-feira, 1 de novembro de 2011

Como melhorar as relações inter-pessoais

Atingir maturidade emocional é um processo de desenvolvimento pessoal que se inicia com a compreensão das nossas emoções e com a sua aceitação, e continua com o controlo da impulsividade. Não é um processo isolado, fechado em nós, pelo contrário, é um processo que visa o nosso relacionamento harmonioso com aqueles que nos rodeiam. Por isso mesmo, o terceiro passo é a compreensão das emoções dos outros.

Parece claro que não é possível compreender as emoções dos outros se não formos capazes de compreender as nossas próprias emoções. Se não somos capazes de responder claramente à questão: "porque é que esta situação é tão importante/ameaçadora para mim, que me levou a "perder a cabeça?", nunca poderemos perceber a intencionalidade do comportamento dos outros.


É frequente fazermos interpretações do comportamento dos outros com base em irracionalidade, maldade, leviandade, desonestidade, falta de lealdade...Quem não conhece pelo menos uma pessoa malvada?

Nos vários anos que tenho vindo a formar pessoas, dos milhares de pessoas que ouvi apresentarem-se no 1º dia, nunca encontrei ninguém que se tivesse descrito como "sou mentiroso", "traio os meus amigos", "sou desonesto"... pelo contrário, todas as pessoas se apresentam com características positivas tais como: "sou amigo do meu amigo", "sou frontal", "simpático". Mesmo aqueles com baixa auto-estima, que têm dificuldade em apresentar-se com características positivas, reconhecem que odeiam a desonestidade, a maldade, a inveja... e eu acredito que todas estas pessoas se apresentam, com  sinceridade, a partir das suas melhores qualidades. Afinal, todos temos qualidades, porque haveríamos de inventar qualidades que não temos?

É muito interessante verificar que a maioria das pessoas se descreve a si próprio a partir das suas competências de comunicação e relação mas, mais interessante ainda é que, apesar de todos nós nos apresentarmos genuinamente como bons comunicadores e amigos confiáveis, todos nós conhecemos alguém malvado e indigno da nossa amizade. É também muito interessante verificar que num grupo de 15 a 20 pessoas, todos genuinamente excelentes comunicadores, haja frequentemente conflitos negativos, discussões sérias, quebras de confiança permanentes e, inclusivamente, chegue a haver marginalizações e punições sociais severas.

Estas contradições são visíveis por todo o lado. Constantemente assumimos que nós somos "bons" e que os outros são "maus". A contradição reside no facto de que se todos somos bons, quem são os maus?

Será que todos somos bons e maus? Será que o ser bom ou mau pode depender das circunstâncias? Será que pode depender de conseguirmos ou não controlar os nossos impulsos? Será que pode depender da interpretação que fazemos dos motivos dos outros?

Há uns tempos atrás, um condutor chamou-me um nome feio porque eu lhe estava a impedir a  saída de uma rotunda. Ouvir aquele palavrão deixou-me furiosa, tanto mais que eu estava naquela faixa porque ele não me tinha deixado passar para a faixa central. Analisando a situação a frio, parece-me agora que ambos sentimos raiva por nenhum ter dado passagem ao outro, o que nos coloca ambos na zona dos "maus". A diferença esteve apenas na forma como lidámos com o facto de não termos conseguido passar para a faixa que pretendíamos, eu segui em frente, ele atacou-me verbalmente. No calor do momento, cada um viu apenas o erro do outro. Este é o factor comum a todas as discussões, conflitos e animosidades, é a incapacidade  de se colocar no lugar do outro e ver a situação da  perspectiva dele .

Empatia

A empatia é esta aptidão de compreender e aceitar a realidade do outro tal como ele a interpreta, mesmo quando não concordamos com a sua atitude ou comportamento.

Eu compreendo a frustração do outro condutor por querer sair da rotunda e eu estar a empatar o seu caminho, mesmo achando que dizer um palavrão é uma forma errada de reagir e que eu nunca o fizesse.

Empatia significa que temos a disponibilidade para procurar o motivo que levou o outro agir de determinada forma, ou que acreditamos que ele tem uma razão legítima para o fazer, mesmo que não se concorde com essa forma de agir.


Ser empático significa focarmo-nos no outro e estar dipostos a escutá-lo, ou seja, sermos capazes de nos descentrarmos das nossas próprias emoções e interpretações dos factos para aceitar as emoções e as interpretações do outro.

A empatia é a primeira regra para desenvolver relacionamentos sociais gratificantes, é a base da aceitação das diferenças individuais. Todos somos capazes de dizer que "somos todos diferentes", é um lugar comum. Mas quantos de nós somos capazes de conviver saudavelmente com alguém muito diferente de nós? O mais provável é usarmos o lugar comum para nos defendermos a nós próprios perante uma crítica: "eu sou assim (diferente) e pronto". e os outros? não podem ser diferentes? são obrigados a ser como nós queremos?


Compreender as emoções dos outros é um exercício determinante para criar e manter relações eficazes com os outros. Esta competência traz-nos enormes recompensas ao nível familiar, social e profissional e é um passo imprescindível para desenvolver maturidade emocional.

E o leitor, qual é o comportamento dos outros que tem dificuldade em compreender ou aceitar?

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