Para
desenvolver relações interpessoais positivas, é muito importante disponibili-zarmo-nos
para compreender os outros. Compreender todos aqueles com quem temos interesse
em manter relações estáveis, no presente e no futuro.
As
relações pessoais funcionam como as negociações; se apenas estou preocupado com
a presente negociação e não espero voltar a negociar com aquela pessoa, posso
ser competitivo ou agressivo, tiro vantagens para mim e acaba-se a nossa
relação. Contudo, se eu quiser manter o cliente para futuras negociações, preciso de aceitar a necessidade de vantagens para ambas as partes.
O que é a Empatia
A empatia permite-me compreender o ponto de vista do outro, aceitar o seu comportamento,
mesmo quando é significativamente diferente do meu e, desta forma, investir em
relações para o futuro.
Aceitar
que o seu companheiro deixa a tampa da sanita levantada, a roupa espalhada pela
casa, que o seu chefe vai marcar a reunião para as 18h, que a sua amiga chega
atrasada a todos os vossos encontros… pode não ser fácil, mas evita frustrações
e discussões inúteis e é o primeiro passo para negociar, sem conflito e sem emoções
negativas, uma mudança de comportamento eficaz.
Um dos meus cursos preferidos é o curso de "Atendimento ao Público". É delicioso observar, um após outro, os meus formandos a explicar como são simpáticos para os seus clientes... até ao momento em que começamos a falar de clientes difíceis. Aí, um após outro, os meus formandos começam a revelar a sua antipatia com os clientes chatos, teimosos, exigentes, desconfiados, irados...
Ser empático para quem é simpático para nós não é difícil, não representa qualquer desafio. Sentir empatia para um cliente que está a ser intransigente, que se sente frustrado e que descarrega a sua raiva em nós, representa o grande desafio de um profissional de comunicação e consiste no verdadeiro desenvolvimento emocional.
Só é possível fazê-lo partindo do princípio que o outro tem um motivo para se sentir frustrado, que a sua raiva não se destina a nós mas sim a algo que, eventualmente, nós (ou a nossa empresa) lhe fizemos, ou que ele pensa que fizemos. É preciso controlar o nosso impulso de lhe "responder à letra" (auto-regulação) e compreender que, se nós próprios estivéssemos naquela situação, possivelmente estaríamos ainda a reagir pior (empatia).
Esta é a atitude que nos permite procurar os factos concretos que determinaram aquelas emoções do cliente e poder reparar a situação de forma satisfatória para ambas as partes.
Criar vontade de compreender o outro
Da próxima vez que se vir tentado a dizer/pensar mal de alguém, ou pronto a condenar o seu comportamento, use as mesmas questões que usa para reconhecer as suas próprias emoções. Pense: "qual a importância ou ameaça que esta situação pode representar para ele/a?"
Da próxima vez que se vir tentado a dizer/pensar mal de alguém, ou pronto a condenar o seu comportamento, use as mesmas questões que usa para reconhecer as suas próprias emoções. Pense: "qual a importância ou ameaça que esta situação pode representar para ele/a?"
Questione-se: "será que ele/a é "mau" ou será que algo, que eu desconheço, o estará a fazer reagir assim?"
Aceitar que somos todos diferentes
Treine-se a compreender os motivos dos outros. Observar Reality Shows é uma escola viva e infinita para compreender o comportamento humano.
Treine-se a compreender os motivos dos outros. Observar Reality Shows é uma escola viva e infinita para compreender o comportamento humano.
Lembre-se que aquela pessoa, que já não pode ver à sua frente, é uma daquelas que se apresenta aos outros como sendo "amiga do meu amigo", honesta, verdadeira... e que acredita nisso. Com certeza que essa pessoa tem amigos que podem corroborar estas e outras qualidades extraordinárias. Procure essas qualidades nessa pessoa, crie pontes nas quais possam comunicar. Aceite as diferenças dela. Afinal, se fossemos todos iguais o mundo seria muito enfadonho!
Aceitar que somos todos iguais
Não digo que não haja pessoas más, que cometem crimes horrendos, isso seria irrealista, contudo, a grande maioria das pessoas é natural e genuinamente boa. Gente que, como nós, comete erros, tem invejas, mente, esconde informação, vinga-se... Afinal somos todos iguais!
Nós não somos o nosso comportamento. Aquilo que fazemos pontualmente não nos define.
O leitor, alguma vez mentiu? Isso significa que é mentiroso? Claro que não, há imensos motivos que nos podem levar a mentir; desde poupar alguém de um dissabor, protegermo-nos da crítica dos outros, até para obtermos um pequeno ou um grande benefício.
O facto de alguém, alguma vez, ter cometido um erro não faz dessa pessoa uma má pessoa.
Aquilo que nos define, não é aquilo que sentimos pontualmente, é a forma como nos comportamos consistentemente.
Perante situações complexas, frustrantes, muitas vezes inesperadas e contrárias às nossas expectativas, somos muitas vezes arrebatados por emoções negativas que nos levam a agir impulsivamente (a nós e aos outros).
O que nos define, e distingue, é a forma como conseguimos lidar com essas emoções, controlar os nossos impulsos e aceitar que os outros passam pelos mesmos desafios e dificuldades que nós. Uns conseguem melhor, outros pior.
A má notícia é que nem sempre é fácil, vamos ceder muitas vezes à fúria dos nossos impulsos e é um processo contínuo que nunca vai atingir a perfeição.
A boa notícia é que a preparação e o treino ajudam a obter cada vez melhores resultados. A vontade, o tempo e a idade são factores decisivos no processo de crescimento e desenvolvimento contínuo da maturidade emocional.
E para si, qual é o maior desafio para sentir empatia?